segunda-feira, 2 de março de 2009



TRÊS



Aos poucos eu recuperava a minha conciência. Estava mais calma. O Victor me carregava nas costas. O Gabriel não estava mais conosco. O dia havia amanhecido.




***


Eu as vezes tenho muita raiva dela. Mas agora, olhando-a ali, adormecida e indefesa, quase sinto saudades de quando nos davamos bem. O fato de ela gostar tanto de mim as vezes me entriga. Dá pra ver nos olhos dela, o quanto ela gosta. Mas no fundo eu não consigo acreditar nisso. Mas se for verdade, é mesmo uma pena. Toda essa perda de tempo, pois eu jamais gostaria tanto assim de alguém.
Ela abriu os olhos confusa. Aquele olhar vazio. O rosto dela as vezes me parecia suplicante. Mas eu não tinha tempo para isso. Eu precisava falar com o Gabriel.
- Victor?(G)
- Oi, Bi-chan!(V)
- A... Sofia...(G)
- Olha, os poderes do Gabriel te deixaram fraca, porque você é impossivel de controlar. Descansa, ok? Depois nós conversamos.(V)
- NÃO! Cadê a Sofia?(G)
- Bielle, a Sofia..(V)
- Eu... eu quero vê-la! ME LEVA ATÉ ELA, POR FAVOR.!!!!!(g)
- Meu... descansa!(V)
- Se vocÊ não me ajudar eu vou sozinha!(G) - Ela agora estava de pé e caminhava para a porta do quarto cambaleando.
- O que vocês fizeram comigO?(G)
- Você já vai ter suas respostas. Estou adimirado, conseguiu controlar essa sua vontade de invadir as mentes alheias?(V)
- Você nunca vai me perdoar por isso?(G)
- Hum... Não há o que perdoar, porque agora não faz a menor diferença!(V)
- Como assim?(G)
- Eu gostava de você, eu confiava em você, te achava o máximo, você tem poder quase absoluto sobre as pessoas, e eu achava que você não usaria, pelomenos não comigo. Mas você me decepsionou. Como todomundo. Você é no fundo igual a todos. Então, o errado, sou eu, por ter esperado mais de vocÊ. O que você fez, agora, não tem mais importância. Gabrielle. A Sofia, infelizmente morreu. Nao deu pra fazer nada por ela. Nós vamos levar você e o corpo dela de volta pra sua casa. Desculpe por tudo isso. Agora, o Gabriel queria falar com você, ele ia esperar você melhorar, mas já que é tão apressadinha...(V)
Ela estava de cabeça baixa, os olhos fechados, eu levantei o rosto dela. Dos olhos fechados brotavam lágrimas. E ela segurava os soluços mordendo o lábio inferior. Eu sempre tive a impressão de que ela era fria e dura consigo mesma. Nunca havia visto a Gabrielle chorar.
- Você, não se importa... com a... Sofia?(G)
- Olha, eu até gostava dela. Mas, as pessoas morrem, e ela morreu. Fim da historia!(V)
- Eu ajudo a chegar ao Gabriel. Ele está louco pra ter essa conversa com vocÊ a meses. Mas você nunca está sozinha.(V)
- Que conversa? O que está acontecendo aqui?(G)- Nós caminhamos pelo longo corredor de paredes de pedra. A casa dos Claydermen parecia uma daquelas mansões recém saídas de filmes de terror. Mas eu gostava. O longo corredor possuía várias portas, mas nenhuma janela. Nós passamos pela última porta, para encontrar um escritório, que estava com todas as janelas fechadas, na verdade, elas eram vedadas com fita silver tape.
- Oi Victor! já matou as saudades da sua amiga?(Gabriel)
- Saudades??? hum... eu preciso voltar para a mansão.(V)
- Vai deixá-la aqui sozinha comigo?(Gabriel)
- Ok... eu espero lá fora!(V)
- Bem próximo da porta, está bem?(Gabriel) - Ele jogou para mim o vidrinho com o liquido vermelho que almentava minha força e destreza. Eu os deixei as sós.


***

Eu fiquei observando ele se retirar da sala. Logo que ele fechou a porta, eu senti, a vontade quase incontrolável de olhar para o Gabriel. Eu pensava no Victor, em tudo que ele havia dito, mas naquele momento, era o Gabriel quem importava, mais do que qualquer outra coisa no mundo, era nele que eu queria pensar, era ele, quem eu queria ouvir.
Ele se levantou da cadeira onde estava sentado, para se aproximar um pouco mais da janela fechada do outro lado da sala.
- Perdoe-me, querida, mas esta é a distancia mais segura para você. Ainda não sou muito bom em controlar os meus impulsos.(Gabriel)
- E, quais seriam, os seus impulsos?(Bielle)
- Meus impulsos... São, os de... matar você!(Biel) - Ele tinha aquele mesmo sorriso torto no canto da boca vermelha, o mesmo olhar penetrante, a mesma voz melodiosa da outra noite, mas só agora eu percebia a ameaça por tráz de toda aquela beleza. Meu corpo estremeceu ao ouvir aquelas palavras. Eu engoli em seco um grito de pavor que surgiu na minha garganta.
- E por que você tem impulsos de me matar?(Bielle)
- Ora, porque você é o meu segundo tipo favorito!(biel)
- Tipo, favorito? Tipo favorito de que?(Bielle) - Ele deu um sorriso largo e derrepente a face endureceu, naquela mesma máscara de porcelana cor de giz da outra noite. O semblante sério, me deixava ainda mais alarmada.
- Meu tipo favorito, de sangue, querida!(biel)
- Sangue? Como assim?(Bielle)
- Você não leu mesmo a mente de mais ninguém, não é?(Biel)
- Apenas se for muito necessário!(Bielle)
- Isso que é amor! Negar um poder desse tamanho, por conta de um remorso bobo...(Biel) - Agora ele sorria denovo. Um sorriso maravilhado, curioso e caloroso, embora frio ao mesmo tempo. Era uma criatura inacreditável.
- Mas, então, o que você quer com o meu sangue?(Bielle) - Ele riu. Eu estremeci novamente.
- Eu quero, o seu sangue, para mim!(biel)
- Como assim quer meu sangue, para você? É alguma brincadeira idióta? Agora você vai me dizer que é um vampiro?(Bielle) - Seus olhos brilharam. Um brilho sombriu que prendeu minha atenção por longos minutos que me pareceram oras. Ele deu mais um meio-sorriso e se aproximou, alguns sentimetros e eu pude sentir, a coisa mais assustadora de toda a minha vida. A presença dele, era fria, mas não era fria como a presença do Victor, era fria, como a solidão no inverno. Eu me senti morta por alguns outros segundos quando ele começoua a falar novamente.
- Sim querida, eu sou um Vampiro!(Biel) - A idéia, a princípo me pareceu absurda, mas depois me lembrei que tinha um amigo que sofria de auto-combustão, um que atravessava paredes e outro que produzia autos teores de gelo com o suor do próprio corpo e que EU lia mentes. Ai fiquei maravilhada. Eu não pude conter o sorriso largo que brotou dos meus lábios, ou o impulso de correr para mais perto e tentar tocá-lo, mas ele se esquivou de mim. E algo nos olhos dele me entimidava a voltar para a cadeira, o mais longe possível, da figura mística dos meus sonhos.
- Então, se o impulso é assim tão forte, porque você não me mata?(bielle)
- É, um convite?(bIel)
- Sim, é um convite!(Bielle)
- Ai, o Victor tem toda razão, você é impossivel!(Biel) - Ele revirou os olhos.
- Eu não mato você minha querida, porque eu não devo matar!(Biel)
- E por que não?(Bielle)
- Quer mesmo saber? (biel)
- Ai, eu adoraria!(Bielle)
- Então, se acomode. - Ele agora estava sentado sobre a mesa bem na minha frente, como em um passe de mágica. Ele tocava meu rosto com as mão assustadoramente frias.
- Acomode-se querida, pois essa é uma longa história.(Biel)